sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre
(Clarice Lispector)

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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Feliz como sempre...


Existe somente uma idade para a gente ser feliz.

Somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los,
 a despeito de todas as dificuldade e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo 
com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança 
e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores.

Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que 
a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo novo, de novo e de novo, e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE, também conhecida como AGORA ou JÁ 
e tem a duração do instante que passa...

sábado, 21 de maio de 2011

                  A Loucura e o Amor .



Contam que uma vez todos os sentimentos e qualidades
dos homens se reuniram em um lugar da terra.
Quando o Aborrecimento havia reclamado pela terceira vez,
a Loucura, como sempre tão louca, lhes propôs:
     - Vamos brincar de esconde-esconde?
A Intriga levantou a sobrancelha intrigada e a 
Curiosidade,
 sem poder conter-se, perguntou:

     - Esconde-esconde? Como é isso?
     - É um jogo, explicou a Loucura, em que eu fecho
os olhos e começo a contar de um a um milhão
 enquanto vocês se escondem. Quando eu tiver terminado
 de contar,o primeiro de vocês que eu encontrar 
ocupará meu lugar para continuar o jogo, da próxima 
          vez que a gente jogar.

O Entusiamo dançou seguido pela Euforia.
A Alegria deu tantos saltos que acabou por 

convencer,a Dúvida e até mesmo a Apatia,
 que nunca se interessava por nada. Mas nem 
todos quiseram participar:A Verdade preferiu não esconder-se. 
    -Para quê,se no final todos a encontravam?

A Soberba opinou que era um jogo muito tonto
(no fundo, o que a incomodava era que a idéia
       não tivesse sido dela)
 e a Covardia preferiu não arriscar-se.

      - Um, dois, três, quatro - Começou a contar a Loucura.


A primeira a esconder-se foi a Pressa, que, como sempre,
caiu atrás da primeira pedra do caminho.
A FÉ subiu ao céu e a Inveja se escondeu atrás da sombra 
do Triunfo, que com seu próprio esforço tinha conseguido subir
na copa da árvore mais alta.
A Generosidade quase não conseguia esconder-se pois,
cada local que encontrava, lhe parecia maravilhoso
para algum de seus amigos:
Se era um lago cristalino, ideal para a Beleza;
se era a copa de uma árvore, perfeito para a Timidez;
se era o vão de uma borboleta, o melhor para a Volúpia.
Se era uma rajada de vento, magnífico para a Liberdade.
E assim acabou escondendo-se em um raio de sol.

O Egoímo, ao contrário, encontrou um local muito bom
desde o início. Ventilado, cômodo, mas apenas para ele.
A Mentira escondeu-se no fundo do oceano
(mentira, na realidade, escondeu-se atrás do arco-íris)
e a Paixão e o Desejo, no centro dos vulcões.

O Esquecimento, não recordo-me onde se escondeu,
mas isso não é o mais importante.
Quando a Loucura estava lá pelo 999.999,
o Amor ainda não havia encontrado um local para 
esconder-se,pois todos já estavam ocupados, 
até que encontrou um roseiral e,carinhosamente, 
decidiu esconder-se  entre suas flores.
     - Um milhão!!!!!! Contou a Loucura e começou a busca.
A primeira a aparecer foi a Pressa apenas há três passos,
atrás de uma pedra. Depois, escutou a FÉ conversando 
com Deus,no céu, Sentiu vibrar a Paixão e o Desejo nos vulcões.
Em um descuido, encontrou a Inveja e claro, pode
deduzir onde estava o Triunfo. O Egoismo,
não teve nem que procurá-lo. Ele sozinho saiu disparado
de seu esconderijo que na verdade era um ninho de vespas.
De tanto caminhar, sentiu sede e ao aproximar-se de um lago,
descobriu a Beleza. A Dúvida foi mais fácil ainda,
pois a encontrou sentada sobre uma cerca sem decidir
de que lado se esconderia. E assim foi encontrando a todos.

O Talento entre a erva fresca, a Angústia em uma cova escura,
a Mentira atrás do arco-íris (mentira, estava no fundo do oceano)
e até o Esquecimento, a quem já havia esquecido que estava
brincando de esconde-esconde.
Apenas o Amor não aparecia em nenhum local.
A Loucura procurou atrás de cada árvore,
em baixo de cada rocha do planeta e em cima das montanhas.
Quando estava a ponto de dar-se por vencida,
encontrou um roseiral. Pegou uma forquilha e
começou a mover os ramos, quando no mesmo instante,
escutou-se um doloroso grito.
Os espinhos tinham ferido o Amor nos olhos.
A Loucura não sabia o que fazer para se desculpar.
Chorou, rezou, implorou, pediu perdão e
até prometeu ser seu guia. 
O Amor, então,concordou com o oferecimento 
da Loucura e,desde que pela primeira vez se brincou de
 esconde-esconde na terra,
O Amor é cego e a Loucura sempre o acompanha.

"Quem não Ama demais, não ama o bastante"

        César Rodrigues.